ACIL - Associação Comercial e Industrial de Livramento
   
  100 anos de comércio
   
  Um resumo histórico da ACIL, compilado do livro acima denominado, de autoria do historiador santanense Ivo Caggiani.

  O Comércio ganha o seu palácio
   
  Velha aspiração da Associação Comercial de Sant'Ana do Livramento foi, sem dúvida, a sua sede própria, acalentada por muitos e muitos anos. Importante, forte e prestigiosa entidade não poderia, realmente, continuar funcionando em uma sala do Clube Comercial, com um patrimônio que se resumia em alguns móveis para reuniões da diretoria e uma velha máquina de escrever.

Foi quando tomou posse como presidente da Associação, em 1943, o Dr. Dilney Vares Albornoz, um jovem empresário de vinte e sete anos, que a todos surpreendeu ao declarar que a sua principal meta era a construção de um edifício-sede.

A primeira providência nesse sentido foi um contato com o então prefeito nomeado, dr. Crisanto de Paula Dias, sobre a possibilidade da doação, por parte do Município, de um terreno. A idéia foi bem recebida pelo administrador que deixou sua passagempela curul intendencial assinalada por diversas e importantes obras. Entretanto, quando tratava do assunto, foi substituido.

O novo prefeito Dr. Rivarol Padilha, que assumiu em setembro de 1944, ratificou a promessa de seu antecessor, ficando resolvido que a Associação deveria oficiar a Prefeitura concordando com a doação e comprometendo-se a edificar um prédio no valor mínimo de Cr$ 2.000.000,00, iniciando a obra no prazo de dezoito meses a partir da data da respectiva escritura.

Quando as demarches estavam bem adiantadas, o dr. Rivarol dos Santos Padilha, em novembro de 1945, foi substituido. O novo prefeito, dr. Flávio Menna Barreto Mattos, que assumiu em dezembro do mesmo ano, deu continuidade ao processo e em março de 1946 levou a capital do Estado o projeto de decreto pelo qual a municipalidade doava a Associação Comercial, o terreno localizado na esquina das Avenidas Rio Branco e Tamandaré, para apreciação da Diretoria das Prefeituras Municipais. Quando o processo já contava, inclusive, com parecer favorável, surgiu uma dificuldade quase intransponível. É que a Divisão de Obras do Ministério da Fazenda escolhera o mesmo local para aconstrução do Edifício da Alfândega, estando pronta a adquirí-lo ou desapropriá-locaso a Prefeitura não concordasse com a venda.

Pouco depois, no mês de maio, a Fazenda Federal mudou de planos e desistiu da construção da Alfândega, que só veio tornar-se realidade transcorridos vários anos. Dessa maneira, já ao final do ano, pelo Decreto Lei nº 109, a Prefeitura Municipal foi autorizada a fazer a doação do tão almejado imóvel. A 26 de novembro de 1947, depois de longa e complicada tramitação, o prefeito Dr. Flávio Menna Barreto Mattos, em sessão da Associação, procedeu a entrega da escritura de doação ao presidente da entidade, Dr. Dilney Vares Albornoz, que vinha sendo reeleito desde 1943.

Iniciou a partir daí uma luta permanente a fim de obter recursos para o início da obra, cujo projeto havia sido elaborado pelo Arquiteto Erwin Brandt.

Em abril de 1951, já na presidência de João Carlos Brenner, foram contratados os serviços da firma "Azevedo Moura & Gertum S.A.", para a construção do edifício "Palácio do Comércio", que teve início em outubro do mesmo ano.

Para a realização desse grande empreendimento a Associação Comercial, além de seus fundos próprios e do retorno do tributo instituido pela Lei Estadual nº 510 (23-12-1929) de 1 real (0$001) por quilograma de mercadoria exportada, contou principalmente com empréstimos hipoteçarios.

Por decisão da diretoria, da qual fazia parte como Vice-Presidente, o Dr. Dilney Vares Albornoz ficou a cargo de todos os assuntos referentes a construção do edifício.

Depois de onze longos anos transcorridos desde as primeiras gestões para a obtenção do terreno, de muito esforço e muito trabalho, o "Palácio do Comércio" foi inaugurado a 30 de janeiro de 1954, sob os aplausos não só do comércio santanense, mas de toda a comunidade.

Ao ato estiveram presentes autoridades das duas cidades, representantes de diversas Associações Comerciais do Estado, Diretores de Estabelecimentos Bancários, sócios da entidade e convidados especiais.

 

Esquina Andradas e Tamandaré, onde foi construido o "Palácio do Comércio". Foto de 1936 (Museu Folha Popular)

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